domingo, 3 de julho de 2016

Estou IRADO - não aguento mais, preciso falar!

Estou IRADO.
Ira justa, santa, aquela ira bíblica, autorizada ou melhor ordenada por Paulo em sua carta aos Efésios. O texto não me diz, nunca se ire, mas, se você se irar não peque; diferente disto ele me orienta que eu me ire. Paulo lista algumas coisas que os irmãos de Éfeso precisam pôr em prática, e entre elas está o irar-se. "Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira." Efésios 4.26
Esta ira é aquela que é suscitada em mim quando vejo a injustiça prevalecendo, quando vejo o nome de Deus sendo blasfemado, a palavra de Deus sendo manipulada para agradar ouvidos sensíveis, é a indignação justa.
Faltam homens que se irem por motivos justos, válidos, sobre situações que precisam ser repensadas com urgência. Nesta cultura que suprime verdades evidentes para evitar "mimimi", é necessário aos cristãos que não só deixem a mentira, mas que falem a verdade mesmo mediante confrontos, mesmo quando ela resulta em desconforto, se é que somos sal - e o sal faz arder feridas.
Estou irado pelo que estão ensinando sobre Jesus. Na boca dos fanfarrões que se dizem pregadores do evangelho ele tem sido reduzido a um Deus imediatista, manipulável, quase afeminado, capaz de ser encostado na parede, pressionado por horas de oração ou dízimos e ofertas (Se dou, ele é obrigado a me devolver e no mínimo duas vezes mais), um Jesus que clama ao pecador que lhe dê uma chance de salvá-lo, cheio de amor, e apenas amor. Ele tem sido destituído de sua soberania, reduzido a servo de cristãos mimados que vão ao templo apenas como as miseráveis filhas da sanguessuga: Me Dá e Me Dá - Provérbios 30.15
Estou irado pelo que andam fazendo naquilo que chamam de culto. Parece mais um amontoado de filhos ingratos e dengosos que sentam-se em poltronas estofadas de suas igrejas climatizadas e cheias de acessórios, manhas e artimanhas, luzes, mantras e músicas que lhes fazem sentir-se clientes de um SPA de luxo que lhes atrai para afagá-los com ministrações cheias de frases de efeito e auto-ajuda. Com músicas, palavras e promoções (que mudam a cada sete semanas) voltadas aos que ali se assentam, os responsáveis pela organização e direção do culto tem feito de TUDO, menos cultuar ao Senhor. Falta alguém que feche as portas, cancele isto que chamam de culto, mas que em nada agrada ao Senhor, porque ele prefere que assim se faça, a fazer de conta que o cultuam, mas na verdade o que se faz é massagem no ego de pecadores. Malaquias 1.10
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Estou irado e, mesmo que soe inconveniente eu preciso falar. Concordo com Lutero quando diz que "O sal arde. Embora [...] nos critiquem como sendo desagradáveis, sabemos que é assim que tem de ser e que Cristo ordenou que o sal fosse forte e continuamente cáustico [...] Se você quiser pregar o evangelho e ajudar as pessoas, terá de ser rude e esfregar sal nas feridas, mostrando o outro lado e denunciando o que não está certo." Corroborando Helmut Thielicke diz que "O sal arde, e a mensagem não adulterada do juízo e da graça de Deus sempre tem sido uma coisa que machuca." Se minha fala te incomoda, e eu espero que assim seja, eu me sinto realizado.
Estou irado com a teologia que se faz a partir de sensações e sentimentos, com a espiritualidade do arrepio, com o coletivizar experiências individuais. Isto fica bem visível quando alguns usam de seus momentos de experiências extra-sensoriais, no mínimo questionáveis, que não se sabe ao certo de onde vem, para criar práticas dentro de igrejas que, em levando isso a cabo, parecem mais com Centros de Macumba, Umbanda ou algo parecido. É um tal de querer obrigar o outro a sentir o mesmo arrepio que lhe curou, ou o mesmo cheiro, gosto e afins. Rodopiar ou pular no mesmo ritmo, aliás o som é a força motriz destes tais, porque acabou a música, acabou o pulo. É um tal de cair no poder todo "culto", mas não conseguir andar de cabeça erguida fora do templo. (Não tem moral para isso.) Falar muitas línguas bem estranhas, mas não ter uma palavra afetuosa em sua própria língua para dirigir aos seus filhos ou cônjuge. Viver falando de um mundo espiritual e espiritualizando TUDO, porque não sabe ser sal e luz aqui, neste mundo. A consequência é que o que ele/ela fala ou faz soa como o som de um sino retinindo desafinado e incômodo.
Estou irado com o que fizeram da adoração, do louvor, das músicas sacras. Deram aos servos que a apresentavam, um título (sem entender do que se tratava e numa intenção diabólica de reconhecer quem nunca precisou ser reconhecido por homens), o título de "levita" e a partir daí, talvez antes disto, direcionaram os cânticos aos frequentadores das reuniões. Aquelas canções que diziam que o Senhor é Soberano e que a Ele deve ser tributada toda a glória, foram substituídas por outras que, introduzidas pelo som "místico" de um shofar, dizem ao pecador que ele é especial, que sua forma é única, que ele foi autorizado para prosperar, que ele não deve chorar se o mundo ainda não o notou, que o palco é dele e a plateia é de seus inimigos, aliás todos eles serão vingados pelo Senhor, que lhe restituirá o que é seu e que na verdade agora passou a ser um "servo do homem" que vive rompendo em fé. O humanismo não está apenas nas pregações, é pouco focar no homem apenas nas pregações, precisamos focar nele também na hora de cantar e assim estamos cantando para nós mesmos, para a nossa glória e honra, chamando de louvor aquilo que Deus chamaria de narcisismo.
Ainda estou irado com o que se faz para obrigar as pessoas a contribuir, para extorquir dinheiro do povo, e não estou irado apenas com os mercenários, mas também com o que o povo faz, e pensa estar fazendo enquanto contribui. Ao mesmo tempo que mercenários manipulam trechos isolados da Bíblia para convencer incautos a contribuírem com o que não podem, e dar o que não tem, os explorados sonham e negociam (pensam que podem fazer isto) com Deus enquanto doam, mentalizando em seus cérebros adoentados e subnutridos espiritualmente, que Deus lhes dará em dobro ou quem sabe até cem vezes mais, quando o final será sem mesmo, sem com "s", sem nada, porque Deus não negocia com interesseiros e nem prospéra aqueles que em ignorância vivem a manter ministérios milionários que não possuem compromisso verdadeiro com Ele. Enquanto isso templos e ministérios administrados por pessoas honestas, altruístas e desinteressadas pelo dinheiro, que não usam um terço do tempo do culto para pedir oferta, sofrem às minguas por causa de crentes mesquinhos que não são bíblicos nem éticos, por que se fossem, no mínimo éticos entenderiam que usufruem da estrutura do templo e contribuiriam mensalmente para mantê-lo. Se fossem bíblico então seriam liberais em abençoar, com alegria, um ministério que é bíblico e transparente em sua administração. E, por fim, mas não finalmente, quando o fazem, é por legalismo, pensando que o ato de contribuir o salvará ou o livrará do inferno.
Estou irado
Continua...

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