quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Centenária Assembléia de Deus


Serei papai em 2011; acredito que até então tenha sido a melhor notícia que recebi em toda a minha vida. Meu filho, ainda de sexo indefinido, portanto o chamarei de filho, no sentido universal; nascerá aproximadamente no final de setembro. Ele será a quinta geração de cristãos-evangélicos em nossa família. Gostaria muito que ele tivesse conhecido sua tataravó Paulina Osowlsky Batista, que faleceu em 2010 e que este ano faria 100 anos.

Mas há outra idosa em nossas vidas, em nossa família que neste ano fará 100 anos: Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Fico me perguntando: Qual será a visão dele a respeito desta centenária? Como estará ela quando ele tiver a minha idade, ou mesmo antes? Será que estará forte e saudável como foi durante muito tempo ou doente e fraca? O sábio, escritor de Eclesiastes 12.1-8 quando nos admoesta a “lembrar” de nosso Criador nos dias da mocidade, fala de algumas características daqueles que sentem o peso da idade; vejamos:

Os dias de desprazer[...] os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento [...]. 12.1

Visão ofuscada[...] Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas [...] e se escurecerem os que olham pelas janelas [...]. 12.2,3

Pernas fracas[...] No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes [...]. 12.3

Poucos dentes[...] e cessarem os moedores, por já serem poucos [...]. 12.3

Sono leve[...] e se levantar à voz das aves [...]. 12.4

Voz fraca[...] e todas as filhas da música se abaterem [...]. 12.4

Pouco apetite[...] e perecer o apetite [...]. 12.5

Cansaço constante[...] e o gafanhoto for um peso [...]. 12.5

Vida frágilAntes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço,” 12.6

É importante lembrar que a Igreja de Cristo, a “Igreja” dentro da “igreja”, aquela cujas portas do inferno não lhe prevalecerão (Mt 16.18), não envelhece, muito pelo contrário, suas forças se renovam como as da águia (Isaías 40.31). Já a igreja com “i” minúsculo, a instituição, que é formada de pessoas, pode se cansar, seus membros podem envelhecer espiritualmente, fraquejar enfim.

E de fato temos vivido um tempo em que se percebe a falta vontade e ate mesmo ousadia para fazer as coisas para o Senhor; já não há cristãos que cantam juntos com o salmista: “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do SENHOR.” O inimigo da Igreja tem trabalhado incansavelmente para destruir o zelo, a disciplina (Oração, Jejum, Leitura da Bíblia etc.), o amor, a caridade, e todos os frutos do espírito, até que nada mais sobre a não ser aparência de algo que já não existe mais há muito tempo. Já se pode ouvir alguns dizendo: “Não tenho mais contentamento, prazer e alegria em ir à Casa do Senhor, em orar, em servir, em me voluntariar e me gastar em favor da obra do Senhor.”

Enquanto isto a visão ofuscada, outra característica da velhice, não nos permite ver todos estes males que nos sobrevieram, continuamos pensando que somos ricos e de nada temos falta, quando na verdade, somos coitados e miseráveis, pobres, cegos e nus. Esta mesma visão ofuscada não nos permite ver mais longe, onde nosso caminho vai dar, onde nossos passos nos levarão.

Os poucos dentes não aceitam mais um alimento sólido. Como já previa a palavra do Senhor, a “comichão nos ouvidos” (II Tm 4.3) não nos permite receber e degustar qualquer alimento espiritual que não seja o que desejamos, corremos atrás de pastores que sejam segundo o nosso coração. Apegamos-nos ao discurso simplista que nos promete conforto, bênçãos, vida vitoriosa sem compromisso verdadeiro com Deus.

O sono leve é conseqüência da ansiedade (I Pe 5.7), de não saber descansar em Deus, confiar nele; É o resultado de querer levar a vida no “cabresto”, de decidir tudo sozinho, até mesmo sem a ajuda de Deus; De se ver como auto-suficiente, independente, “grandinho” demais para deixar o Pai segurar sua mão. Sabe-se que “Aos seus amados Ele dá enquanto dormem” (Salmos 127: 2), mas não se tem paciência para esperar e descansar então se fica correndo atrás do vento.

A voz fraca, ou até mesmo a ausência dela, tem feito com que as pedras clamem (Lucas 19.40), e aí as pedras tem falado de tudo, mas não tem dito nada. A fraqueza das pregas vocais nos tem impedido de falar de Jesus, seja com nossa voz ou com nossas atitudes; De ser o alarme na hora do pecado, não o alarme que celebra a queda ou o erro do outro, mas o barulho que chama a atenção, que fala a verdade, que prega a justiça, que faz a diferença.

O pouco apetite vai minando a saúde dos cristãos nominais que não mais tem apego à Lei do Senhor e que não mais meditam nela de noite e de dia. O coro do salmista mais uma vez mirra, enfraquece, diminui, pois muitos já não querem cantar com ele: “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro.” (Sl 119.97).

O cansaço constante deriva-se do fato de estarmos muito ocupados com os nossos negócios e desocupados demais com os negócios do Senhor. Nosso fardo é pesado! As ocupações do dia-a-dia, o trabalho, a vida profissional, nossas aspirações, nossos sonhos tudo isso nos cansa muito. Falta-nos lançar sobre Ele nossas ansiedades e tomar dele o Seu jugo, pois ele não tem prazer em ver-nos cansados. Ele disse: “[...] o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30)

Nossa saúde, nossa vida espiritual está fragilizada. Precisamos buscar renovação. Tivemos 100 anos de bênçãos e muitas conquistas; erramos sim, talvez por excesso de zelo, e pode ser que até por sermos cabeça-dura demais, mas se quisermos mais, precisamos buscar mais; precisamos rever algumas coisas para que não venhamos a morrer.

Pr Jean Rodrigo Batista


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