domingo, 25 de abril de 2010

FALANDO EM CHORAR...


“Senti as vossas misérias (Fiquem tristes,), e lamentai e chorai (gritem e chorem.); converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza (Mudem as suas risadas e choro e a sua alegria em tristeza.).” Tiago 4.9 ARC (NTLH)

Chorar é um exercício de quebrantamento; de arrependimento de reconhecimento. Tal qual a cana depois de moída produz doce caldo, o homem, por mais duro e irredutível que seja, depois de verdadeiramente arrependido, inevitavelmente derrama lágrimas que são nada mais que a evidência da veracidade do arrependimento. Não há meios de se reconhecer ‘tão pecador’ diante de um Deus ‘tão Santo’, e não chorar. As lágrimas brotam dos olhos daqueles que ainda tem sensibilidade, que não estão leprosos, espiritualmente falando; daqueles que “sentem as suas misérias”.

Jeremias foi um dos profetas que mais chorou e se lamentou. Constata-se isto quando lemos o livro que ainda mais confirma esta verdade: Lamentações de Jeremias. Ele chorava pelos pecados do povo, pelos erros que os “escolhidos” estavam cometendo. Mas o choro deste profeta era prático; ele não só chorava, mas agia em relação a isto. Passou anos advertindo aquela nação sobre as conseqüências de seu erro, chamando-os a atenção; deixando à mostra o fato de estar inconformado com o que conformava a maioria deles; que vivia fora do sistema e das ideologias vigentes e que queria ver os demais da mesma forma.

Seu choro era verdadeiro, ele não apontava o dedo para os pecadores, mas para o pecado. Ele não acusava pessoas em específico, mas uma nação. Ele tomava os erros do povo como fossem seus, e isto o afligia, assim ele pedia perdão, “arrependido,” em nome de todos, por um pecado que ‘agora’ era seu.

Quando olho o exemplo de vida deste homem, seu brio e honradez no desempenho do seu ministério; sinto vergonha dos motivos pelos quais muitos de nós choramos hoje. Por problemas, ‘lutas’ que nos mesmos arranjamos; por “coisas” que queremos como se fossemos crianças mimadas e interesseiras que olham mais para a mão do que para a face do Pai; por orações não respondidas como se Deus fosse um servo ou mordomo que está sempre ali pronto para dar-me ‘tudo’ o que desejo a qualquer hora.

Deveríamos sim chorar de arrependimento, quando pecamos, de alegria por estarmos no centro da vontade de Deus; ainda que esta seja um pouco incômoda ou ininteligível para nós, de prazer por ter o direito de acesso a um novo e vivo caminho que Ele nos abriu.

São poucos os que conseguem fingir o choro, todos quando choram, o fazem por algum motivo. É impossível chorar por nada; a questão é que choramos por motivos errados. Nossas lágrimas mechem com o coração de Deus. Elas podem mudar Seus pensamentos e decisões, porém elas precisam ser verdadeiras, precisam ser derramadas por motivos nobres, honrados e relevantes.