sábado, 30 de maio de 2009

CANSADO DE OUVIR...

Tem-se ouvido muita coisa nestes últimos tempos. Recebemos todos os dias excesso de informações e idéias. Além de saber muito sobre aquilo que nos rodeia, sabemos ainda sobre o mundo inteiro. Ouvimos falar de pandemia, crise, natureza em degradação, corrupção e futilidades. Os avanços da tecnologia facilitaram que se derramem sobre nós todos os dias, esta avalanche de notícias e, junto com elas, novas ideologias. No mundo espiritual não é diferente; há preleções triunfalistas, aquelas que pregam uma vida cristã de facilidades, um evangelho de mercado, cheio de promoções e descontos, principalmente no peso da cruz; há ainda prédicas deterministas que ensinam determinar, ordenar, colocar Deus na parede, dizer a ele quando terminam nossos problemas e quando começa a vida fácil. Ouve-se em demasia a fala dos conformistas escatológicos, que já desistiram de pregar, de evangelizar, de cuidar do meio ambiente, de estudar e até trabalhar “porque Jesus vai voltar logo mesmo e o mundo já não tem mais jeito”

Ouvimos tanto e de tão diferentes formas: centenas de interpretações equivocadas ou distorcidas de um mesmo versículo; milhares de filosofias ou pseudofilosofias cristãs; que pode ou que é proibido; sermões demasiadamente simplistas ou arrogantes; discursos e práticas militaristas ou liberalistas ao extremo; enfim ouvimos tanto que é inevitável que surjam questionamentos no coração, na mente. Muitos perguntam a si mesmo o que fazer o que ouvir e o que seguir.

O escritor de Eclesiastes exterioriza um estado emocional e de alma, abatido ou no mínimo enfastiado, de tanto viver, aproveitar e ouvir tantas coisas, e evidencia isto repetindo diversas vezes que “tudo é vaidade”, é “correr atrás do vento”, assim como muitos de nós, ele parece estar cansado de jogar o jogo da vida, correr atrás dos desejos de seu coração e do que os outros esperavam dele. Ele se perguntava em que acreditar, que valores deveria seguir. Creio que depois de muito pensar, lá em 12;13 ele diz: “De tudo o que foi dito (de tudo o que você ouviu ou vivenciou; todas as baboseiras, as conversas fiadas, os “correr atrás do vento”, das vaidades, os “blá, blá, blás” e até dos belos discursos), a conclusão é esta: tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos porque foi para isto que fomos criados.” NTLH. O caminho verdadeiro, correto e incorruptível, passa pelo temor a Deus, pelo respeito às suas verdades e mandamentos, pela consciência de que o nosso objetivo, alvo nesta vida é obedecê-lo e fazer valer sua palavra em nós.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

...Ele não muda, porém não se torna obsoleto!

Tudo muda, evolui a uma velocidade assustadora. A cada dia surgem coisas novas, mais modernas, mais práticas. As leis mudam, as ideologias, a cosmovisão do homem, o vocabulário, a gramática... Os aparatos eletrônicos são modificados e aperfeiçoados constantemente. A ciência se multiplica! 

Algumas destas mudanças são exclusivas para haver uma adequação às exigências da sociedade moderna; outras são consequências da inconstância e inconsequência humana, como por exemplo as variações da natureza. 

Com todo este excesso de mutações, novidades e avanços parece-nos não haver mais uma base firme, algo a que se firmar, a que acreditar. O ser humano vive numa angústia, numa insegurança suscitada pela ausência de algo terminante ou totalmente pronto. 

Mas lemos em Ml 3:6 "De fato, eu, o Senhor, não mudo."Jesus disse ainda em Jo 15:3 "Permanecei em mim..." 

Isto parece soar até grosseiro ou no mínimo egocêntrico para a sociedade hodierna. Mas o nosso Jesus, mesmo que não mude, ele não se torna obsoleto, arcaico, ultrapassado. Suas palavras são e sempre serão relevantes; seu ensino é prático e cabível às nossas necessidades e anseios; suas leis são ainda amáveis e doces como o mel; sua vida, sua história e seus preceitos são o mais firme fundamento que poderíamos encontrar. 

Ele não muda, porém é tão atual e relevante hoje como foi a mais de 2000 anos atrás.

Um abraço...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EU SONHEI UM SONHO! Susan Boyle; uma lição de vida.

Há um mal hediondo, embaraçoso e vil em nossa sociedade é o tal do “pré-conceito”. Somos assim; de taxar as pessoas pelo que vemos no exterior. A tal história da “primeira impressão é a que fica” vale muito para o visual, a fachada, a casca. E se você não está nos padrões de beleza pode perder muita coisa. Neste meio consumista, voltado somente para o materialismo, que vive de aparência e nada mais, infelizmente é tão comum pessoas serem caracterizadas pelo que vestem, usam ou tem e não pelo que há no interior delas.

Estou falando isto porque quero contar do que vi a alguns dias na internet. O vídeo de uma pessoa que, para os padrões hodiernos seria no mínimo estranha. Seu nome: Susan Boyle; uma senhora gorda, de estatura mediana e meio desajeitada de 47 anos que, segundo ela mesma, está desempregada, mora sozinha num vilarejo desconhecido, nunca casou e nunca foi beijada. Não quero entrar em detalhes ou tentar conjecturar sobre a vida dela para tentar dar mais emoção ao texto, mas algo me diz que o fato de ela estar assim, tão à margem da sociedade tem algo a ver com seu exterior. Susan aparentemente não tem nenhum atrativo externo, e isto pesou contra ela pelo menos por alguns instantes numa das audições de um programa televisivo em que ela foi participar.

O programa é semelhante ao “Ídolos”, que já foi ao ar algumas vezes aqui no Brasil, chama-se Britains’s Got Talent. Ela se apresentou para cantar e logo que falou foi vaiada, recebeu olhares de deboche e desprezo por parte da platéia e até mesmo dos jurados. Muitos riram do seu jeito desengonçado e visivelmente nervoso, principalmente quando ela falou de seu objetivo profissional “ser cantora”, e mais ainda quando falou o que iria cantar (uma música muito difícil, segundo os jurados). Mas Susan abriu a boca, colocou para fora, talvez, muitos anos de “pré-conceito”, de vaias e olhares de desdém. Ela cantou e encantou! Uma voz divina, perfeita, que fez com que os jurados e a platéia abrissem a boca literalmente de tanto espanto e surpresa ante sua capacidade vocal e, por fim, todos a aplaudiram em pé.

Susan sonhou um sonho; disse isso cantando. Falou que sonhou quando ainda era jovem e destemida, quando a esperança era alta e viver valia à pena. Mas vieram os tigres, os homens cruéis, aqueles que desprezam ou riem dos nossos sonhos; Este desprezo despedaça qualquer esperança e faz até com que pessoas tenham vergonha de continuar sonhando tão alto. Mas Susan sonhou e realizou. Ganhou três sim e foi classificada para a final do programa. Hoje é uma das mulheres mais populares de seu país. Cineastas impressionados com sua história já lhe fizeram propostas de produzir um filme sobre sua vida. O vídeo de sua audição no programa já foi visto milhões de vezes por pessoas no mundo inteiro. Recebeu propostas de muitas gravadoras mundialmente famosas para gravar um álbum solo. E outras tantas coisas mais que nem da pra contar.

O que me levou a escrever sobre isto é perceber que também agimos como esta platéia e estes jurados. A história de Susan se repete todos os dias. Muitos são desprezados e excluídos porque aparentemente não tem talento, não são belos pelo lado de fora; e nós nem nos damos ao trabalho de procurar conhecê-los um pouco mais; nem lembramos que cada um carrega em si a imagem de Deus. Condicionamos-nos tanto a baixeza de rotular pessoas por suas posses e aparência que achamos cansativo a aproximação, o contato, o relacionar-se. A superficialidade dos relacionamentos via internet é mais atraente que uma boa conversa ao pé do ouvido porque a maioria de nós (o homem do século XXI) já não tem mais assunto e inteligência para conduzir um bom diálogo ou disposição altruísta o suficiente para manter uma verdadeira amizade, permitindo assim que vejamos o interior das pessoas.

Para começar a consertar nossos erros, como indivíduo e como sociedade, devemos partir de um auto-exame, de uma "reunião conosco mesmo" como diz Augusto Cury, de rever conceitos e valores, de entender que o cuidado e preocupação excessiva com a casca na qual vivemos, com o corpo físico não nos permite reconhecer o valor essencial do ser humano, nos oculta a intrínseca imagem de Deus. Como diz Philip Yancey e Dr Paul Brand em "À imagem e semelhança de Deus": "Todos nos somos espelhos [...] Cada um de nós tem a capacidade de evocar nas pessoas que conhecemos a imagem de Deus, a faísca da semelhança de Deus no espírito humano." Experimente então olhar com mais compaixão (sofrer junto), com misericórdia (trazer o miserável para perto do coração) para estas pessoas; surpreenda-se e aprenda que há muita beleza onde aparentemente não vemos nada.

Quero concluir com uma frase de William de St Thierry que diz: Conhece-te a ti mesmo, visto que és minha imagem. Então conhecerás a mim, a cuja imagem és feito, e me acharás em ti mesmo.

 

Solus Christus


Jean Rodrigo Batista