segunda-feira, 27 de abril de 2009

TESOURO EM VASOS DE BARRO... O que vale mais; o tesouro ou o vaso?

Em 1947, Qunran estava sob o domínio britânico, e o campo estava aberto aos beduínos. Dois destes pastores beduínos (da tribo de Tamira), em busca de suas cabras desgarradas nas ravinas rochosas da costa noroeste do Mar Morto, atiraram uma pedra numa das cavernas e, ouvindo um barulho de cacos quebrados foram ver do que se tratava; lá encontraram sete rolos de pergaminho. Um deles, um manuscrito de Isaías, de 30 cm x 7,80 m de comprimento (dezessete folhas de pergaminho costuradas umas às outras) do ano 1.000 aC. Havia entre 40 e 60 jarras cilíndricas. Foram encontrados também 19 livros do Antigo Testamento, escritos em papiro e pergaminho, escritos em hebraico, aramaico e grego, envolvidos em panos de linho e uma infinidade de peças mais que foram encontradas mais tarde por arqueólogos.

Estes tesouros encontrados em vasos de barro me fizeram lembrar citações bíblicas; uma delas; a que nos identifica como vasos de barro, que por vezes somos moldados pelo Soberano oleiro, que nos toma em suas mãos, quebra, e faz um novo vaso. Jr 18:1-6 NVI Lembro-me ainda de Paulo quando diz que somos um vaso de barro que é utilizado para guardar um grande tesouro: “Temos este tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.” II Co 4.7 NVI Esta preciosidade, este poder é aquele que Jesus nos concedeu quando disse: “E recebereis poder que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas...” At. 1:8, poder para operar em Seu nome milagres e maravilhas até maiores que aqueles operados por Ele, este tesouro é a salvação, é o perdão, o amor de Jesus em nos, é aquilo tudo que nos traz esperança.

Mas o que me intriga é que muitos preferem o vaso e preterem o tesouro. Há, em nossos dias, uma insistência em dar glória excessiva à casca, o tal culto à personalidade e o apego desmedido aos costumes, às tradições de homens é um mal, uma doença que infectou nossas igrejas e corações, é como se ignorássemos o que há dentro do vaso, jogássemos fora seu conteúdo, o grande tesouro. Cresceu o número de vitrines, onde aqueles que deveriam ser simplesmente servos são apresentados como “o grande servo” de Deus, o que não consigo entender porque servo não é grande, e se é grande já não é servo. Nestes meios se criam os ídolos de muitos cristãos. O grande pregador que já não entra mais na igreja sem seus seguranças e sem um cachê tão fastuoso quanto a si mesmo; que já não prega a simplicidade do evangelho, e em pompa e circunstância se assemelha ao fariseu que entrou no templo para se justificar perante o Senhor. Não da pra deixar de citar as denominações neo-pentecostais que estão baseadas no carisma de um líder que é sempre tido como “o grande homem de Deus” e aonde vai arrebata multidões. É o vaso, o barro sendo mais valorizado que o tesouro...

Além do culto á personalidade, temos o grande mal das igrejas tradicionais que tem um apego excessivo a costumes de homens, a tradições que só fazem afastar as pessoas da igreja, que impõem cargas que eles mesmos acham difíceis de carregar, que se sentem no direito de julgar e até condenar os que não fazem como eles. Estes preceitos humanos criam fariseus literalmente em pleno século XXI, hipócritas que se justificam por sua postura e figura externa, mas o interior está podre e fétido como um sepulcro. Para estes, o verdadeiro cristão já não é mais aquele que evidencia frutos do Espírito, mas sim aquele que se adequou as “leis” da denominação. Mais uma vez o vaso vale mais que o tesouro. Novamente o bem mais precioso é deixado de lado em detrimento do vaso que o recebe.

Jesus dá uma lição sobre isto aos fariseus quando diz: “Ai de vocês mestres da lei e fariseus hipócritas! Vocês limpam o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de ganância e cobiça. Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo e do prato, para que o exterior também fique limpo. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo o tipo de imundície. Assim são vocês: Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade.” MT 23:25-28.

Quando Paulo nos fala sobre o tesouro que é guardado em vasos de barro, nos faz entender que o que realmente vale em nós está guardado, está dentro, porque se estivesse fora, o poder e a glória seriam nossos e não de Deus. Vamos relembrar? O versículo diz assim: “Temos este tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.” Somos o receptáculo, o vaso de barro, e o tesouro está dentro de nós, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós. O tesouro que há em nós pode ser acrescido a cada dia, precisamos nos encher deste tesouro até que transborde e o seu conteúdo toque os que nos cercam. Não precisamos tocar os outros com nos mesmos, com a escama, mas com nosso testemunho, amor, fidelidade e luz. “Assim, brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus.” MT 5.16. Afinal, o que vale mais. O tesouro ou o vaso?